Inocência

Acordou e ficou imóvel a pensar neste dia como mais um da sua vida em que se repetiriam em tarefas banais e cliché da vida moderna e cosmopolita.
Ao levantar-se, o chão cortou-lhe os pensamentos ainda mornos e dormentes, sentia-o demasiado frio nos pés. Molhado até, demasiado molhado. Olhou e viu o vermelho de uma poça de sangue. A visão despertou-lhe o olfacto, cheirava a morno de sangue e no entanto sentia-se gelada por dentro, um sentimento que era agora de medo. Uma calma desculpada e ao mesmo tempo uma questão lhe preenchia os pensamentos: era uma sonâmbula presa a um antigo hábito. O marido? Era Domingo.