Visitas

Com a cabeça pousada na mesa da cozinha e de olhar seguro num par de copos cheios de água, a jovem Emily esperava pressentir a chegada das vistas quando observasse a linha da água a ondular entre as paredes de vidro. Num evento social Emily sentia sempre que a sua presença deveria ser forte e encantadora. Para isso reinventava sozinha novos gestos - do caminhar ao piscar de olhos. Quando as portas da sala ofereceram a Emily, pela primeira vez, público, esta começou a coxear como um homem velho e a torcer a cara como se tivesse lepra. Repreende-la não fazia qualquer sentido, seria nabsurdo. Tinha agora cinquenta anos, estava com a cabeça pousada na mesa da cozinha e esperava um pequeno sinal para se reinventar.