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Um gato preto entrou no meu quarto enquanto eu dormia profundamente. Deu um salto da janela para os meus pés e daí levantou-se aos poucos ganhando uma nova dimensão. Ergueu-se então como um humano e dirigiu-se à minha cabeça que estava preta, chamuscada, completamente perdida no incêndio que deflagrou durante o meu sono. Segurou a cabeça com as duas patas e viu que estava perdida, já não servia para nada. Avistou uma tesoura que se encontrava em cima do toucador, agarrou-a e com uma das partes, a mais fina e pontiaguda, e com ela desenhou e escavou cada um dos elementos do meu rosto. Começou pelos olhos, e terminou na boca. Quando a abriu, tendo o cuidado de fazer saltar-me a língua, eu disse-lhe: “pena que não me tenhas conhecido antes, pois saberias que o meu nariz não é assim.”