Penas

Uma notícia, capa de um jornal internacional, dava conta do mais espantoso roubo ocorrido num Museu de História Natural – o roubo de uma colecção de pássaros, apenas machos, cujas penas continham os mais surpreendentes e raros padrões cromáticos para seduzir as suas parceiras. As gavetas que continham estes pássaros, de cerca de 0.50 cm a 2 metros, foram desorganizadas supostamente para despistar a polícia e fazê-la acreditar que se trataria de um roubo vulgar. A notícia tem seguimento dois dias mais tarde: a polícia denuncia um clube de pescadores, cujos membros usariam as penas como isco para caçar peixes tropicais que, recolhidos, seriam vendidos a Oceanários espalhados pelo mundo.

Anos mais tarde os pássaros reapareceram em excelente estado precisamente no mesmo sítio de onde tinham desaparecido. Não apresentavam qualquer sinal de deterioração.

A investigação, levada a cabo por um delegado insistente em descobrir o mistério, chega ao final quando foi anunciada o verdadeiro culpado:

- um ornitólogo descendente de um marginal injustamente expulso do Europa no Séc. XV, que habitou uma ilha deserta até à morte, que tinha como obsessão passar o tempo a criar um alfabeto a partir dos padrões das penas dos pássaros da ilha – os únicos habitantes para além dele. De seguida, reorganizou os padrões dos próprios pássaros para que, quando capturados expusessem a sua história ao resto do mundo e assim se fizesse justiça.