Arrastão

Quando cheguei à estação central, em frente à linha de ferro, vi que um comboio se dirigia a mim. Com ele se aproximava uma multidão que queria à pressa meter-se num vagão e atrás dela a mobília que antes tinha sido usada. Os bilhetes rodopiavam no ar juntamente com os jornais do dia, dos cartazes e de panfletos - um alvoroço fora do comum para aquela hora do dia. Por momentos o relógio também nos seguiu. Quando eu já não conseguia encontrar justificação para o que estava a acontecer, perguntei-lhes porque me seguiam. A pergunta virou-se contra mim, da mesma forma, sem explicação. E enquanto tentava responder suportei o comboio com as duas mãos inclinando-me no solo e gastando os sapatos quase até chegar à pele, e ainda aguentando todo aquele peso que em camadas de sobrepunha ao comboio. Esgotada encontrei a resposta - sair do mesmo sítio.