Duas senhoras caminham na mesma direcção de Goethe. O tempo histórico não é o mesmo.

O menino estudava e pelo estudo exercitava a mente e o corpo. Ganhava o poder de encantar qualquer criatura, quer num baile de máscaras como numa conversa entre mancebos. Morava na cidade onde o cheiro é pestilento, resultado da mistura de carne por cozinhar e alimentos cozinhados há muitos dias, com alimentos que foram digeridos e depois expelidos pelos diversos animais.
É nesta cidade que uma manhã excepcional encontra o menino Goethe na rua, caminhando na direcção da casa do seu tutor. No caminho deparou-se com duas figuras que seguiam à sua frente. Eram duas senhoras de cabelo solto, roupas estranhas em formato, mínimas em proporções, em meias como os mancebos. Falavam numa língua que era aparentada com o latim que ele conhecia. Curioso como só ele, abrandou o passo e manteve-se mesmo atrás para escutar a conversa. Estas falavam da natureza, falavam do seu nome e de nomes que conhecia, como Kant, Descartes e outros de quem nunca ouvira falar. Rodopiava a conversa à volta da natureza, das cores, de literatura. Subitamente, através das duas senhoras, viu um homem correr na sua direcção. Embateram ou dois com força e caíram um para seu lado. Tonto, sentado no chão, o pequeno Goethe, sem saber que lhe tinha acontecido, demorou a distinguir realidade da ficção.