Construir realidades

Comprei cem quilos do melhor solo já com adubo misturado. O jardim traseiro de minha casa é pequeno mas suficiente para a empreitada. Escavei um buraco para receber a terra. FIquei com um planalto mesmo à entrada da cozinha. Os vizinhos tão curiosos com surpreendiam largavam-me de vez em quando umas piadas de enrada a ver se tinham acesso a mais informação sobre o que se estava por ali a suceder. Quando tudo estava preparado, despi-me, lavei-me, tirei os pelos do corpo por inteiro e entrei no casulo que tinha feito por baixo da superfície. Aninhada, fiquei ali, sem vontade de mais nada. Em sonhos encontrei pessoas que nunca chegarei a conhecer (teria que viajar no tempo) e com quem passei longas horas em diálogos sobre tudo e nada. Mais tarde era urso e depois fui cobra. Em forma de animal conheci outros com quem troquei bens, que para uns eram alimentos e para outros pedaços inúteis de material orgânico.
Acordei, o comprimento longo dos cabelos acusavam o tempo da ausência, levantei-me e fui para casa tomar banho.