Mapa de um mundo singular

Entrei dentro de uma livraria num país estrangeiro onde não se falava em código que eu podesse entender. Olhei em volta, primeiro de uma forma geral - era caótico o lugar, com os livros organizados de formas muito estranhas . Procurei-lhe uma ordem para começar a minha pesquisa mas não encontrava nada semelhante a estantes. Adaptei-me à desordem e assim iniciei a procura de algum item que me agradarasse. A senhora que estava num canto sentada a ler entretanto levantou-se e dirigiu-se a mim. Tentei responder à sua conversa em inglês, francês e português e não tive sorte nenhuma. Ela parecia impaciente por uma resposta e repetia a mesma frase. Eu sorri. Ela encolheu os ombros. Foi se sentar novamente. Voltei para a minha tarefa. Caminhar, neste lugar, era por vezes difícil pois as pilhas de livros no chão criavam corredores estreitos. Perdi-me e achei-me em pequenas clareiras, entre livros dos quais pouco mais via que as lombadas. Encontrei a certa altura outra sala e outra porta que não eram as mesmas por onde entrei. Estranhamente a senhora estava num canto a ler. Levantou a cabeça e sorriu-me e eu retribuí o sorriso. Fiquei curiosa e dediquei-me à exploração daquele aparente caos. Olhando para as capas, encontrava um livro que me agrada de vez em quando e seguia-o, olhava a lombada, tirava da pilha, quando isso era possível, via o seu interior e voltava a pôr no sítio. Encontrava outro, seguia-o. Encontrei numa terceira sala um senhor, também ele muito concentrado na sua pesquisa. Meio perdido e sem voltade de encontrar a saída, fui encontrando salas e salas, sempre com a mesma senhora no canto a ler (pergunto-me se a sua presença seria real, se não seria uma ilusão ou se haveria mesmo várias senhoras muito parecidas). Fiquei com fome e portanto senti que estava na altura de ir embora. Encontrei mais uma sala, com a mesma senhora e uma porta. Despedi-me da simpática senhora e encaminhei o meu andar na direcção d aporta. Ela olhou-me muito preplexa. levantou-se, respondeu-me com um tom preocupado. Obviamente não percebi. Abri a porta à mesma. Dava para outra sala cheia de mapas. Ja a ficar nervosa entrei na sala dos mapas, também ela caotica, cheia de mapas, cheia de clareiras entre osmapas, cheia de salas ligadas entre si por mapas. Abri uma porta de uma sala. Encontrei cadernos com desenhos e textos. Depois, através de outra porta para os postais e cartas. A senhora continuava lá, sempre no mesmo sítio. Exausta, sem alternativa, sentei-me no chão, em frente à sua cadeira. Ela sorriu. Consentiu. De dentro de um bolso tirou um pedaço de papel que abriu. Era uma folha enorme e muito fina. No papel, com um pedaço de carvão muito fino, desenhou durante horas e surpreendentemente adivinhei-lhe o conteúdo dos desenhos e do queme dizia sem lhe perceber as palavras ou os signos.