Oportunidade

A caminho do mercado entrei e comprei uma saia nova de uma cor garrida. Eu sei, é estranha a escolha para quem vai a um funeral. Não me choca uma côr garrida no meio de tanta tristeza representada na negrura relativa a este acto. Deixei a servidão moral quando perdi o amor ao próximo. Aborreço-me de tudo e todos. Compro umas maçãs no mercado, ponho a saia nova no café e vou agora a caminho do cemitério para o funeral. Não sei quem morre, vou porque gosto de ver gente em profunda emoção. Deixo ficar o meu cartão aos mais entusiastas, aos que conseguem me convencer sem dúvida da profundidade dos seus sentimentos. Ligam-me umas semanas mais tarde para saber mais sobre os meus serviços. Tenho uma empresa de serviços pós-morte, para os que ficaram vivos.