Em aventuras

Na despedida um sapato olha para o pé num vislumbre de saudades de ser útil o seu tempo. Beija-o por todo enquanto se afasta. O outro sapato do mesmo par faz o mesmo. Vêm os pés num afastamento que parece a eternidade.
Ambos tentam ainda e mais uma vez prolongar o evidente. Fica o calor e o cheiro que os atormenta e conforta ao mesmo tempo. Os pés continuam novas aventuras pelo chão, texturas, temperaturas e materiais desconhecidos.