Sol

Estava um dia de sol maravilhoso.
Acabava de saltar de uma gaivota – um daqueles barcos pequenos de rio – e socorrer-me de N(ie) para dar o salto corajoso para terra.
Sacudindo as mãos para limpar a sujidade e activar a circulação olhei para P(rou) para saber quantas horas ainda podíamos ficar. Ele disse-me que o dia ainda ia a meio. Aos três ali reunidos faltavam-nos aventuras – N(ie) e P(rou), ambos debruçados na margem do rio reflectiam sobre a transparência das águas: um na vontade da natureza se transformar em diversidade e o outro a senti-la até à ponta dos cabelos, por isto, naturalmente que não estavam muito faladores. Foi então que pensei em chamar M(us) para nos entreter – se bem que ele seja extraordinariamente mal disposto – e senti-me entre as pedras a ler um dos livros, duas ou três linhas bastavam, e lá veio ele. Todo ele estava envolvido em sensualidade e esta dava-lhe para divagar. Se bem que o tivesse imaginado mais feio estava encantada e deixei-me ficar. Quando anoiteceu os outros já tinham partido. M(us) também se abanava com frio. Procurei na mochila de viagem quem mais tinha trazido, mas sem luz, não despertei mais ninguém.