Uma curta história social

Um homem de preto contempla o mar cinzento e o céu coberto de nevoeiro. É manhã cedo e nada mais há que quebre a monotonia da paisagem. O homem de preto, singular ponto que se destaca dos tons azuis e cinzentos da paisgem encontra por fim uma gaivota, singular ponto branco. Ele caminha e ela debica um peixe apodrecido. Levanta o bico e cumprimenta-o. Ele cumprimenta-a também e põe a mão no revólver que traz dentro do bolso.
Dois minutos se passaram, os pontos seguiram o seu percurso.
Num helicóptero ultra silencioso uma mulher de vestido vermelho, suspensa por um cabo de metal, desce à praia. Nem ponto preto nem ponto branco dão pela sua chegada. Com um movimento degola a gaivota que mais tarde terá a mesma sorte que o seu peixe porque será comida pelos seuas pares. Com um segundo movimento afoga o homem que mais tarde será encontrado, e se tornará notícia de jornal, capa de revista e assunto de última hora e hora extra televisivos.
Pertencendo à sociedade secreta dos vermelhos, a mulher não faz parte desta história porque dela não há vestígios. O helicóptero ultra silêncioso leva-a, uma vez a missão cumprida, para a caverna super hi-tech (para além da compreenção do comum dos morais) que se situa numa falésia e que tem um castelo em cima onde a mulher, normalmente vestida de várias cores, é princesa.