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Uma montra como uma moldura, enquadra formas.
Diante de uma montra pude assistir como se representava a figura humana - coisa que apenas muito lentamente acompanhava nos Museus.
Nesta montra, diante da qual parei, assisti à diferença do “olhar para nós mesmos”.

A menina que apareceu na montra vestiu uma manequim como que veste um morto passados dias. Experimentou de seguida tirar a peruca da cabeça para voltar a colocá-la. Estava colada, mas saiu com facilidade.
Percebeu então que o cabelo estava seco. Embora não se percebesse se era verdadeiro ou artificial, era certo que estava irremediavelmente perdido dada a secura e a rigidez dos fios dos cabelos dando uma má impressão ao conjunto.
Pousou então a peruca para pensar enquanto articulava mais uma vez os membros do manequim.

No final a manequim ainda estava careca. Era preciso remediar esse aspecto. Então agarrou num cachecol e envolveu-o à volta do pescoço e com uma das pontas deu mais uma volta à cabeça. No final destapou uma pequena franja de tecido que cobria a testa.

A manequim tinha um cachecol verde a fazer de cabelo.
E ao mesmo tempo um agasalho para o pescoço. A menina estava satisfeita porque o resultado era moderno.

O que a menina fez a esta manequim repetiu, se seguida, às restantes.