Jasmin

Mulheres-criança de cabelos longos, pele branca e roupas pretas, ainda que magras, decoram o café de juventude. Os demais são senhoras velhas de cabelo branco, unhas vermelhas e senhores de nariz vermelho e fato preto. O café é velho e os empregados estão vestidos de branco. A luz é fraca e amarelada para manter à distância as modas e os gostos estridentes. O pianista chega ás 7 da tarde. Entra pela porta da cozinha e vai directo à mesa do canto onde se senta desde sempre com a avó. É tão velho quanto ela. Tomam chá juntos. De seguida vai se sentar ao piano e confessa-se tímidamente, no seu papel de Chopin de café, ao rapaz de cabelos loiros (pintado) encaracolados, que se senta com os amigos nas mesas do meio e que graceja e se ri ainda mais alto quando o piano toca. Quando este homem, mais novo do que a idade que tem, se ri, o piano quase se cala para o ouvir.
Um dia, igual aos outros. O piano toca. A avó escuta. O rapaz loiro não está - excepcionalmente. O piano sentiu-se alto e de voz forte elevou-se do chão e saíu, junto com o banco e com o pianista, janela fora e para a rua na direcção do céu, como acontece com os balões cheios de hélio.
Mas o nome dele era Jasmin.