Exemplar prudência

As férias à beira da praia naquela instância balnear sempre foram inesquecíveis. Ela lia livros como quem quer viver tudo o que lhe é devido e ainda mais do que isso, queria explorar os limites da própria vida não se contentado com uma existência confinada à sua simplicidade. Assim sendo, cada verão vivia um tempo, um espírito, um cenário e todos os personagens de um novela. Era muito feliz e contagiava-nos. Era impossível ficar-lhe indiferente, tal era a crença que ela tinha no que era e agia. Até que um dia houve boatos, coisas que se diziam que ela tinha feito. Deixei de a ver e, claro, o nosso grupo deixou de frequentar aquele sítio. Ela era o nosso elo de ligação, a nossa razão para lá voltar e fingir que também acreditávamo-nos em qualquer conto por ela interpretado. Quando voltei a ver as fotografias, através de slides, numa daquelas pequenas máquinas com uma lâmpada por trás, retirada do fundo de um baú empoeirado, percebi que tínhamos vivido muito mais do que eu suspeitava. Na nossa inocência tínhamos revisitado a mais decadente cultura e percebido a relação desta com todas as proibições sociais. A nossa amiga tinha sido prematuramente eleita para nos dar o exemplo.