Pós-Babel

Os livros estavam doentes. Um fungo desconhecido tinha assaltado a biblioteca de surpresa. O estado da doença era crónico e fatal. A perda do conhecimento causou pânico no filósofo. Como nada podia fazer sentou-se, numa tristeza depressiva, a observar a queda do que tinham sido os seus esforços de tantos anos e que se traduziam nesta biblioteca inigualável. Permaneceu inconsolável até ao último livro. Quando este caíu podre no chão, quando mais nada existia, houve silêncio. De um salto, como quem perdeu a razão, o sábio levanta-se com um grito que se transforma aos poucos num riso medonho. Escreverá a sua versão de cada livro que tem lembraça de alguma vez ter possuído. Assim uma nova fase começa, a da biblioteca que lhe pertence, só a ele e mais ninguém!