CORTINA

Uma cortina espessa de veludo vermelho cobria toda a parede do fundo do quarto.

O tipo de tecido de que a cortina era tecida, causava uma escuridão absoluta.

Quando ela se levantou, caminhou em direcção à cortina de forma a abri-la e assim inundar o quarto com a primeira luz da manhã.

Tentou a primeira vez, segurando numa ponta do tecido e com um gesto energético, puxou-a para a esquerda. Encontrou uma porta fechada.

Tentou a segunda vez, procurando a outra extremidade e com um gesto semelhante puxou a ponta do tecido segurando-o com força. Tinha destapado agora uma parte da parede com tijolos à vista.

Descontrolou-se um pouco pensando que afinal aquela cortina não servia para cumprir o seu fim.

Procurou então o meio. Colocou as mãos nesse meia e com um gesto vigoroso abriu a cortina nos dois sentido. Desta vez encontrou uma reentrância que não dava a lado nenhum, uma espécie de armário sem porta com morcegos lá dentro que naquele instante tinham despertado.

Estava assustada e estupefacta com esta experiência. Voltou a fechar a cortina, a pôr tudo como estava.

Sentou-se na beira da cama à qual tinha chegado com dificuldade. Reflectiu no que lhe acontecera e concluíra que a cortina respondia aos medos que sentia.
Se desviasse o sentido do seu pensamento que veria? Experimentou e viu as escarpas de montanhas pontiagudas, planícies douradas pontuadas de elegantes cactos, e por aí – fo - ra