Javali

Numa embarcação que seguia no sentido dos Açores fora descoberto um homem que viajava clandestinamente. A tripulação não via com bons olhos a aceitação de clandestinos pelo capitão que entusiasticamente os convidava para a sua cabine para lhes oferecer vinho e codornizes requentadas.

Quando a embarcação foi colhida pelo mar desgovernado no centro de uma tempestade o capitão deu prioridade ao clandestino para se socorreu de um barco de borracha e se lançar ao mar. A tripulação revoltou-se e impôs-se armada diante do capitão. Estavam enraivecidos com a natureza e com o destino que se aproximava. De rompante o clandestino ataca a garganta do benfeitor que cai no chão morto sem qualquer hipótese de ser reavivado.


Numa das ilhas dos Açores viveu durante muitos anos um clandestino de grandes peitos descobertos que à noite alimentava um javali selvagem de codornizes e vinhos licorosos, encarnação de um mártir.

(nota de leitura: o clandestino era uma mulher)