Saltos Altos

Um velho mágico andava sempre com uma mala na mão. Corria o boato que o homem tinha a própria mulher desfeita dentro da mala.

Enquanto fora sua assistente houve um espectáculo que tinha corrido mal e desde então a mulher estava desaparecida. Colocaram-se anúncios no jornal, falou-se disso na televisão, mas ela nunca mais apareceu. O velho ainda trabalhara por mais uns anos – sempre com a mala fechada – mas depois tornara-se amargo, deixou de comparecer aos espectáculos e retirou-se para vagabundear pelas ruas e isolar-se num quarto de hotel.

Um dia, o velho aparece morto. Apanham o assassino por acaso enquanto fugia com dificuldade. A mala caiu e abriu-se, tinha centenas de jóias emaranhadas umas nas outras. O assassino esticado no chão é descoberto: a mulher, que durante anos tinha esperado pelo momento de recuperar a fortuna do velho. Foi atraiçoada pelos sapatos de saltos altos e finos. Cá fora espera um jovem: o ex-assistente do velho, que na altura tinha 8 anos e que fugira com a mulher dos seus sonhos, 30 anos mais velha.