Síndrome Buck Rodgers: Podia ter escolhido viagem no tempo mas fica para outra história.

Há poucas pessoas que podem afirmar sentir esta sensação de não pertencer ao lugar onde se passou a maior parte da sua vida. É o que sinto hoje nesta festa. Reconheço o lugar, as pessoas, mas já não são mais as mesmas, elas viveram, umas com as outras, voltaram a encontrar-se e podem contar histórias desses encontros. Pergunto-me se me reconhecem, o que é pouco provável. Tenho marcado o tempo de ausência com deformações ligeiras devidas às distorções dos músculos e tendões, coisa muito frequente e à qual a ciência ainda não encontrou solução. Uma doença rara foi só o começo, depois a falta de conhecimento e consequentemente o impossivel diagnóstico e tratamento acabaram por ditar o meu destino. Tive que esperar, inconsciente, mergulhado num líquido do qual não recordo nem cor nem cheiro, até que alguém encontrasse a minha solução. Resolvendo-me físicamente fiquei de novo capaz de viver no quotidiano, fazer parte das histórias.