O desenho mortal

Num solar foi deixado abandonado um jardim incompleto.

No início, o arquitecto do solar tinha planeado um jardim tropical a ser colocado no pátio interior, debaixo da cobertura de vidro pintado. Mas os proprietários, depois da má experiência que tiveram na floresto tropical da Guatemala - febres e diarreias devido à agua dos charcos e aos insectos - , preferiram cactos, que apenas lhes lembrava terras exóticas ainda por conhecer. A construção dos canteiros tinha já começado e os cactos foram encomendados - uma série de espécies por cada deserto do mundo -, quando a senhora faleceu de fraqueza pulmonar e a seguir o marido de desgaste ósseo. Como os carregadores não foram avisados do sucedido carregaram o jardim de cactos e acabaram de construir os canteiros.

Anos mais tarde foi reclamado o solar por um sobrinho. Assinados os papeis o herdeiro entrou no solar para aí habitar. Encontrou todo o interior coberto por uma espessa camada de vapor e nenhum pó. Perto do pátio interior reparou que os vidros que o separavam da restante casa estavam ressoados, cheios de enormes gotas de água, como se alguém ainda ali habitasse. Ao abrir a porta deparou-se com um labirinto de cactos, bem organizado, cujos picos impediam a circulação.

O herdeiro voltou para trás e pediu ajuda. Em vez de bombeiros chegaram os melhores biólogos e botânicos. estes disseram-lhe que o último desenho do jardim era obra de um assassino, pois o cactos eram carnivoros e o labirinto uma armadilha.