O silêncio

Na planície, no topo de uma montanha da Espanha interior, ficava a biblioteca das traduções. Nela não havia um só livro, texto ou aviso aos visitantes que não tivesse sido previamente traduzido da língua em que fora escrito. Cada livro tinha várias versões. Todos os empregados falavam várias línguas e com os anos esqueceram até a sua língua mãe visto que nunca a usavam. Os visitantes, raríssimos, procuravam em todo o género de textos a peculiaridade da realidade descrita em cada palavra. Em cada palavra procuravam a sua composição históriaca e ligavam umas palavras ás outras, muitas das vezes para encontrar outras palavras ainda em comum. Aqui não se chegava ne de carro nem em nenhum meio de transporte ruidoso. As rosas eram um gesto subtil de encantar os visitantes com os olhos e o olfacto e desta forma não dizerem uma paravra. AS subtilezas do silêncio, dos sentidos que não são a fala nem implicam a leitura são muito apreciados pelos empregados nos seus tempos livres.