Opostos

Despida, presa a um par de óculos que forçosamente fixa em frente aos olhos com as duas mãos, entra dentro da água gelada do lago que é, junto com o ceu, a paisagem vista das janelas de sua casa. Imersa até ao nariz, segurando ainda os óculos, ali fica, gradualmnete perdendo controle sobre o corpo até passar as tremuras e não o sentir mais. Já foram as forças para gritar, para sair sequer. Não morrerá mas o seu estado não terá retorno, nunca mais será são.
Sente uma corda que a enlaça, a prende e a puxa para a margem. Não se sente e não larga os óculos. Não se senta também porque deixou de lhe pertencer o corpo que vê. A pessoa que a retirou é um total desconhecido que passou por ali, admirando a paisagem se deteve e a encontrou. Assim aconteceu. A impossibilidade de se sentirem.