Batota

Um homem ia a atravessar as suas terras em direcção a um notário. Naquele dia, se tudo corresse bem, assinaria triunfalmente o grande documento que lhe daria a independência de sua esposa, com quem estava casado há mais de vinte anos.
Foi surpreendido por um raio que o atingiu, no meio de um dia solarengo, enxuto, com céu azul, sem o mínimo sinal de que algo semelhante poderia acontecer. Estendido no chão, sem se mexer, perguntava-se: “Porque caíra um raio sobre mim? Qual a origem deste raio?”. Ainda muito abalado mete-se à estrada, a pé. Chega ao notário e encontra, mãe, mulher, sogra, filhos, e restante família. Lamenta-se pelo atraso pega numa caneta e tenta escrever qualquer coisa, como que ensaiando a assinatura. Infelizmente não consegue, treme como varas verdes. A caneta mal pousa na superficie do papel. Desesperado, força com a outra mão a direita a estabilizar. A mulher diz-lhe. Batota.