Banquete

O Conde de Vitoria casou com uma nobre muito frágil, tão frágil que morreu passadas horas da troca das alianças. O Conde que tanto lutara pela união dos dois, contra os familiares que se opunham por não encontrarem nenhuma importância politica no casamento, estava agora destroçado e desesperançado de alguma vez voltar a encontrar motivos para amar. Tinha-se afastado do mundo e já não tinha contacto com mais ninguém. Quando um dia passeava na sua propriedade ouviu o gemido de um gato moribundo. O coração tremeu e movido pela emoção pegou no gato e levou-o para casa. Fechou-se lá dentro com o pobre animal.

Passaram-se anos e ouviram-se rumores de que o Conde tinha enlouquecido, mas ninguém conseguia explicar porquê. Certo dia dois gatos bem falantes passeavam-se pela cidade. A população indignou-se, pois até então só conheciam animais para trabalhar nos campos ou então selvagens. Um homem decidiu ser o responsável por ver o que se estava a passar e dirigiu-se ao palácio do Conde.

Do que viu o pobre mal conseguia explicar com o susto, usou uma caneta para fazer uns rabiscos a ver se fazia algum sentido. O Conde fora visto a conviver com mais de uma centena de gatos, bem vestidos, bem falados, em desenvolvimento de actividades recreativas. À noite o pobre homem tinha inclusivamente chegado a ver o Conde bêbado em grande pândega com mais dois gatos pardos.