Dois: anulação

Uma alma pura, de santa, a desta menina que passa agora despida pela rua principal da aldeia. Uma cara bonita de êxtase e uma brancura imaculada na pele. Deixam-na passar sem a incomodar. Olham e esperam ser olhados com os olhos inocentes de quem os salvará. Em tempos ídos, o pai foi leva-la ao convento. A filha revirava os olhos, cada vez com mais frequência, gemia enquanto se despia e de seguida ía para a rua. Pelo caminho curava aos que olhava de frente. As freiras do convento não a quiseram lá e o pai trouxe-a de volta.
No caminho encontra agora um lagarto enorme de olhos esbugalhados. Ela para e olha-o. O lagarto olha-a de volta com tal intensidade que a menina morde o pulso. Ouço gritos desesperados da minha janela. Dizem os prantos que morreu.