Um ponto que perdeu a concentração humana

Ela fez um desenho como quem escreve, aproximando-se de um ponto entre o desenho e a escrita, num espaço longínquo - difícil de caracterizar se grande ou pequeno, se branco ou a cores - onde ficou algum tempo acabando por se esquecer por lá.
Quando voltou trouxe o desenho debaixo do braço e guardou-o.

Muitos anos depois, quando o encontraram enfiado numa gaveta os investigadores da vida desta mulher ficaram estupefactos: o olhar simplesmente não parava de divagar e não se detinha em forma alguma; digamos que tinha em si um movimento - o da fuga constante à nossa absoluta compreensão das coisas, como se nos baralhasse de propósito.

A certa altura alguém deve ter dito que um desenho daqueles guardado ainda sufocava.