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As obras publicas no centro de uma cidade são um desespero. A maquinaria em funcionamento e os buracos abertos prejudicam a mobilidade da população que vive a um ritmo acelerado. Algumas obras chegam mesmo a demorar um bom par de anos. No final, pelo que já presenciei, ninguém sabe realmente para que serviu todo aquele espectáculo. Aliás, é mesmo engraçado quando começamos a dar alguma atenção ao assunto, é que ninguém faz a mínima ideia do que está ali por baixo. Quer dizer, há todo um esquema subterrâneo de auxílio à vida na superfície, isso faz parte do senso comum, mas conhecer mesmo, com alguma profundidade, ninguém sabe. Um dia ainda acontece um acidente, desaparece uma pessoa engolida pelo chão e nem damos conta. Ou então, algum tolo se mete a explorar a situação só para escrever um relatório, um romance ou uma noticia - sei lá, penso que só por dinheiro é que vale a pena a aventura. Eu ia, não me importava, e se desconfiasse de alguma tramóia municipal tomava as devidas medidas, ou se me deparasse com alguma situação especialmente grave e totalmente fora das possibilidades da minha imaginação fazia o mesmo, alertava toda a gente. Qualquer coisa assim só pode - mesmo -ser grave, só pode ser negativo para todos - não me parece que seja um parque de estacionamento ou um jardim de flores, pois essas soluções são sempre muito anunciadas para que se perceba que “estão” a fazer “o bem”. Eu ia, lá, claro, tomava esse risco, que de certeza que deve ser sério e real, mesmo, mas agora não dá jeito.