Oralidade

A nova biblioteca foi construída secretamente a pedido de um déspota com ambições expansionistas. Longe de ser um idiota, este homem era bem instruído e sabia claramente como controlar o povo. A biblioteca sugaria Todo o conhecimento - em rigor, todo o conhecimento de todas as terras conquistadas. A partir do saber dos segredos dos povos dominaria as vontades humanas. A sua ambição não tinha limites. No entanto, o déspota tinha um recanto no seu modo de ser que entrava em conflito com a sua ganância, malvadez e vontade desgovernada de poder - esse recanto remontava ao tempo em que o conhecimento era contado pela boca das mulheres. Assim, a nova construção, tinha paredes de mais de cinco metros de espessura oca. Uma largura demasiado grande que surpreendia arquitectos e construtores daquele tempo. No seu interior foram albergadas mulheres que passavam o dia a contar o conhecimento que fora marginalizado. O principal ouvinte e único frequentador destas mulheres era o próprio déspota.