Primavera

A música que ouvem os habitantes da cidade condiciona as suas acções, movimentos e emoções. O fenómeno desta relação tem sido largamente estudado desde a antiguidade. Os estudos, sempre em actualização, permitiam criar música cada vez mais direccionada para estados da alma cada vez mais específico, induzindo-os, provocando-os até.
Depois da cessação das estações do ano, a música da cidade ganhou uma nova dimensão, tornou-se fundamental para o quotidiano. Na Primavera todos os habitantes parecem mais doces, felizes e dispostos a amar. Nessa época do ano vendem-se muitas flores sem pé nem planta que desabrocham na palma da mão. Esta é uma dádiva comum entre os recém-namorados. Estas flores têm um som muito subtil e até encantador ao abrir. Dizem que dá sorte e dá o poder de prolongar o romance. Na verdade, as vibrações da música (uma invenção recente de um ciêntista músical sul-africano) provocam, no interior do corpo de quem segura a flor, uma libertação de químicos relacionados com os sentimentos do amor. Uma invenção ciêntífica completamente apropriada pelo senso comum, pelas crenças populares urbanas e que se tornou num ritual social.