Jogo

Três jovens jogavam às cartas e tentavam enganarem-se uns aos outros. Tinham passado assim dias a fio esbanjando fortunas de valor incalculável. Foram colocadas sucessivamente em cima da mesa fabulosas heranças, das propriedades à beira rio às jóias da família. Nada, absolutamente nada os demovia de continuarem a jogar num contexto que se aproximava da mais pura abstracção. Como crianças em festas de aniversário, aborrecidas com os brinquedos espalhados pela casa do aniversariante, e fartas dos palhaços contratados ou dos ilusionistas dos truques de lenços, fabricavam bens que não tinham apenas para se manterem animadas. Assim se mantiveram os três jovens que subindo a fasquia apostavam terrenos tão vastos que equivaliam ao terreno coberto por certos países. Quando se sentiram finalmente esgotados e prontos para terminar a sessão procuraram um vencedor de entre os três. Não encontraram um critério económico que lhes servisse de ajuda uma vez que os valores eram simplesmente impossíveis de apurar. Foi então que procuraram infinitamente novas estratégias de jogo para que este continuasse, talvez num outro dia.