A Enciclopédia do Mundo Invisível

No negro da noite dificilmente se dintinguem as silhuetas, e esta é especialmente escura porque é a de lua nova. A partir desta noite intensifica-se a luz que ilumina os viajantes que preferem a solidão, resultante do sono dos demais. Há uma flôr que se abre para se alimentar de animais de porte médio, como galinhas e coelhos. A sua beleza é invisível porque se abre no escuro. Há uma rapariga que lança um grito tempestuoso, mas não premeditado, nesta mesma noite. Como é escuro ninguém vê que com o grito sai da boca dela pedaços de carvão, pretos, que em contacto com o ar se desfazem num pó extremamente fino. Há também toda uma aldeia, perdida num vale profundo, que, no centro de todas as casas se encontra, em transe, e celebra orgiasticamente a tradição da escuridão.
A planta perpetua-se, a rapariga cura-se dos seus males e a aldeia perpetua a comunidade concebendo, ás escuras, novos seres. Estes são os exemplos mais simples de compreender de entre os muitos descritos na enciclopédia do mundo invisível.