O drama

O coro entoava os tons iniciais do Magnificat de Arvo Part enquanto que o conjunto de cantores caminhava para o centro do palco. A platéia assistia imóvel porque o momento era sagrado. Enquando as vozes prosseguem e se levantam em tons mais intensos, de entre a paltéia um homem se isola ficando em pé. Aos poucos, de todos os seus bolsos tira papéis, flores, laços vermelhos e lenços de papel usados e amachucados. Dos bolsos do interior do casaco tira papés escritos à mão e o suor deixa-lhe tinta azul nas mãos. A boca estã cobera de baton vermelho de um beijo apagado. Não chora. O coro prossegue, mais calmo, mais silêncioso agora. Aproxima-se o final. No final da música o homem cai como se desmaiasse e assim desaparece no chão. Ficam todos os resídios da sua passagem.