Macaco

Existia um intervalo desengraçado entre a racionalidade daquele ser e a sua biologia. O que sentia a meio do dia era fome, mas era uma fome física de comer para preencher um vazio estomacal. Mas se pensasse bem, não tinha qulquer vontade de comer. Imaginava que este sintoma se devia à sua opção em não comer carne. O corpo comunicava-lhe a falta de proteína animal. Mas ele, índividuo formado, com bons sentimentos e excelente intenções tentava a todo custo controlar esses impulsos mais básicos – para ele considerados de bárbaros.

Estava já há uns anos neste regime e não lhe assombrava sequer a ideia de alterá-lo, até que passou pelo jardim Zoológico e comeu um macaco.
Claro está, racionalmente ele nunca o comeu de facto. Mas sentia-se melhor.