O triunfo

(um titulo escrito antes de um texto)
Entrou de manto vermelho, pela igreja adentro. Decorria a missa de Domingo. Uma matilha de quarenta cães seguiam atraz. Estava nú e era bonito, muito alto, excêntrico e arrogante. O padre congelou perante o vislumbre de um possivel demónio, mais vivo que o próprio deus vivo. Os fiéis olharam a impressionante grandeza de um homem nú. Os cães entraram a ladrar. Por debaixo do manto saíram dez anões que logo trouxeram bancos que puseram em cima uns dos outros. O homem subiu ao cimo dos bancos dispostos em pirâmide. De lá de cima, de mãos e braços abertos urinou. Levantava-se do chão um cheiro pestilento e quente que logo se propagou pela igreja. A urina ficou seca e transformou-se em sal. Diz alto "Sou o Jacinto Perdido, venho, mais uma vez, me entregar a vós". As palavras fizeram uivar os cães. Em pose de ascenção, de braços abertos, caiu das cadeiras. Os anões levaram-no as costas, horizontal e desmaiado. O Jacinto não era o louco mas o regente amado por todos os cidadãos desta aldeia que fica mesmo ao lado da cidade onde moro.